04 dezembro 2019

Resenha - Pestilence - Laura Thalassa - The Four Horseman

               RESENHA - PESTILENCE               



O que fazer quando seu mundo está passando por um julgamento final e divino? O que fazer quando as pessoas estão morrendo e você tem a chance de salva-las de alguma forma? O que fazer quando você dá de cara, voluntariamente, com o "ser" que está destruindo seu mundo? O que fazer quando você se apaixona pelo destruidor?

Poucos livros me deixam em um dilema moral, esse foi um desses livros. Acho que ele me fez refletir muito sobre a essência humana, se posso dizer assim.

Durante todo o livro fiquei pensando: será o "homem" naturalmente mal ou bom? Será que feitos bons podem estar acima das coisas tão cruéis que vemos no dia a dia?

Ao final do livro não consegui chegar a uma resposta e acho muito difícil chegar. Nesse sentido entendo muito o Peste, porque a única coisa boa que ele encontra na Terra é a Sara e mesmo que ele tenha conhecido algumas pessoas boas, ele sofreu muito na mão de pessoas cruéis e como é difícil colocar isso em uma balança e definir se o homem é essencialmente bom ou mal, se ele é capaz de redenção ou está além da salvação.

Nessa mesma linha de pensamento entendo a hesitação da Sara, afinal ela sabe que nós, humanos, somos capazes de coisas horríveis, mas também sabe que somos capazes de atos de gentileza inimagináveis. Então, como medir isso? Como julgar se o que o Peste esta fazendo é errado ou não? Como julgar que ele está errado? É uma grande responsabilidade.

Complicado né...

Acho que diante do contexto da história a Sara fez o que estava em seu alcance, ela estava em uma situação para além dela. O Peste por sua vez, seguia ordens e não gostava do que fazia, porém, ao mesmo tempo não estava certo se a missão era certa ou errada, pelos mesmos motivos que disse acima, é muito difícil julgar seres que são capazes de coisas tão antagônicas como o bem e o mal.

Imagino que a autora finalizou em um meio termo, até porque não penso que há resposta para todos esses questionamentos, talvez ela desenvolva uma resposta a partir de suas próprias crenças ao longo dos outros livros. Fato é, que ela pende mais para o lado da redenção, mas ainda estou na dúvida sobre qual caminho ela irá seguir.

O desenvolvimento do relacionamento dos personagens principais foi perfeito, sem correria, mas também sem muita demora, eles tem uma química incrível, principalmente no que diz respeito as indagações que eles fazem e como um equilibra o outro de alguma forma. Eu ficava pensando "como a autora vai fazer a protagonista se apaixonar pelo "ser" que está matando seu mundo?", e a resposta é que não percebi quando isso começou, foi tão natural, controverso e fluído que quando percebi ela já estava apaixonada e ele também. Doido né?!

Achei a temática bem diferente do que costuma-se ver no gênero e acima de tudo gostei da reflexão que trouxe e que provavelmente vai se manter para os próximos livros. Estou ansiosa para o rumo que essa história vai tomar e quais reflexões virão com ela. Vale a pena ler!

Hellen Lily

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